sexta-feira, novembro 25, 2005


Muito além da satisfação

Reinvenção, reformulação, reengenharia, reciclagem. Em busca de inovação e diferenciação efetiva, aquela que gera melhores resultados, as empresas vêm tentando fazer as coisas de maneira diferente.

Mas a obsessão pela mudança sem causa pode levar à desestruturação, à perda de rumo, ao desperdício de investimentos, à quebra de vínculos e à troca de seis por meia dúzia.

Apesar de encarar o alto turnover como uma de suas mais devastadoras chagas, principalmente no varejo e na prestação de serviços, a maioria das empresas tem dedicado poucos e descoordenados esforços na tentativa de fidelizar seus funcionários. E, num legítimo "efeito Tostines", usa esse mesmo argumento como justificativa para a falta de reais esforços nessa direção.

São as pessoas que operam as mudanças em todas as áreas e, com a pressão para que esse processo seja rápido e preciso, elas precisam estar cada vez mais alinhadas com as políticas, crenças e valores da companhia. Portanto, para mudar processos, sistemas, produtos e tudo o mais, é necessário um grupo de funcionários bem treinados, pró-ativos, motivados e experientes. Isso se adquire com a manutenção de talentos que conheçam a história geradora de mudanças e determinante das metas futuras, tornando-se agentes comprometidos com a inovação desejada.

A inovação eficaz decorre do próprio dia-a-dia da empresa, da interpretação das reações do mercado, do convívio com os funcionários, da negociação com fornecedores e do relacionamento com clientes. Sendo assim, de um lado as empresas precisam entender que não se trocam pessoas como se troca de meias. E, de outro lado, precisam convencer os funcionários das vantagens e reais benefícios de permanecer longos períodos na mesma companhia, resistindo a falsas ilusões imediatistas.

Os conceitos de branding, largamente adotados pelas organizações para fidelizar consumidores de diversos segmentos de bens e serviços, contêm a essência de uma inovadora abordagem da gestão de pessoas: o Endobranding. Muito mais profundo e abrangente que o endomarketing, ele parte do princípio de que fidelidade é muito mais que simples satisfação. A exemplo do que já é tido como verdadeiro na relação das organizações com seus clientes e consumidores, satisfazer os funcionários já não é suficiente. A meta é encantar, envolvendo o funcionário a ponto de fazer com que ele assuma um compromisso total com os valores e as metas da organização, esteja disposto a dedicar um grande esforço em nome dessa empresa e pretenda manter-se ligado a ela no futuro, mesmo que receba proposta de trabalho um pouco mais vantajosa financeiramente.

Certamente não há de ser mera coincidência o fato de que as empresas mais rentáveis são justamente aquelas que têm como prioridade a gestão competente de pessoas. A constatação resultou de um estudo comparativo entre as 1000 maiores empresas do país, isolando as 40 com melhor gestão de pessoas e ambiente interno, conforme análise da revista Valor. Nos últimos três anos, embora o crescimento em vendas tenha sido similar entre os dois grupos, a lucratividade das classificadas pela qualidade na gestão de pessoas cresceu sete vezes mais que o das outras maiores. Dados recentes da revista Exame mostram também que a rentabilidade das 150 melhores empresas para se trabalhar foi de 17,2% em 2003, contra 12,4% das 500 maiores empresas do País no mesmo período.

Concluindo: fidelizar funcionários gera mais lucro em empresas de todos os tamanhos e segmentos. Pessoas fiéis são pessoas apaixonadas e tornam-se torcedores fanáticos. Nesse tipo de relação onde o amor e o ódio caminham juntos e próximos, ambos os lados devem se entregar de corpo e alma, não encarando o compromisso como "eterno, posto que é chama, mas infinito enquanto dure".

autor: Eduardo Henrique de Macedo
fonte: Portal Gouvêa de Souza

posted by Iris @ 11:27 AM



 

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